domingo, 25 de outubro de 2009

A confissão de domingo.




Tomo um banho, água gelada refrescando minha cabeça, abro os olhos embaixo do chuveiro, tenho raiva de nunca poder reproduzir aquela imagem para que eu pudesse mostrá-la para todo mundo. Sempre que fotografo alguma coisa, vem em minha mente, por que não sai da maneira que eu vejo? Tenho inveja dos olhos humanos, da mente humana, mas admiro os que não se rendem a dura verdade que é: A reprodução nunca superará a experiência. Esses artistas lutam para descrever suas sensações, dividir com o mundo sua visão, é lindo quando você lê algo que te arrepia, te faz fechar os olhos e imaginar, é tocante percorrer um par de linhas, e achar ali, bem ali, a frase mais bela que você já leu. Então o artista se supera e demonstra que ele, o ser que mais luta para reproduzir sua forma de pensar, pode criar uma experiência! Se tornar um semeador...


Escrevo por uma necessidade gritante de me expressar, causar algo nas pessoas, me pergunto se é importante, relevante. Meus pensamentos e escritos são realmente dignos de serem compartilhados, conhecidos pelas pessoas? Vivo num mundo de pessoas desinteressantes, tenho horror ao desinteressante. Ser comum é algo que não me amedronta! Comum pode ser interessante, frustrante mesmo é se deparar com alguém oco, vazio. Tenho medo de ser oco, tenho pesadelos com o vazio, medo da reverberação de futilidades, conheço isso em mim, sinto o vazio constantemente, me esforço para preencher-me, talvez seja por isso que me entupo das coisas, cigarro,livros, comida, filmes, álcool, gente... quero tudo, quero todas as experiências, essa fome que me ataca é de vida. Quase nunca me senti morto, das vezes que morri a ressurreição sempre foi mais marcante. Escrevo então para aliviar todas estas dúvidas, a respeito de tudo que foi escrito, de tudo que foi lido.
Meu caso de amor com o pensamento, meu amante mais constante, leva-me ao limite da passionalidade.

Esta é uma confissão para olhos desconhecidos.

5 comentários:

Clarissa B. disse...

As vezes acho tão chato quando venho comentar aqui... porque é sempre a mesma coisa... o texto atual sempre me impressiona mais que o anterior.... É chato pq eu me torno repetitiva em dizer o qto seus textos são lindos, bem escritos, verdadeiros... parece que sinto vc falando qdo leio...

Já disse e repito... sou sua fã... hehehe

Chego já aí!!

Beijo.

Rafa disse...

"Esta é uma confissão para olhos desconhecidos." - Para quem te conhece não é necessário... Você não é vazio, longe disso.

Sthephany. disse...

Sublime, atenuante e até bem profundo .
Ouso dizer que me lembrou alguns contos de fernando pessoa !
Inebriante qual tal !

Dil Santos disse...

Oi Nivaldo, como está?
Eu sei como é isso. Eu escrevo tentando aliviar minha alma, gritar por ela, através das palavras.
Ajudar as pessoas mesmo que seja apenas com uma simples palavra, mas que possa fazer a diferença. Isso é gratificante, vc ser reconhecido.
E ser oco, acredito que ninguém queria.
Abraços
:)

Ju ♥ disse...

uau, foi a coisa mais intensa que li hoje e confesso q me fez pensar, refletir sobre o todo.
obrigada.
bjs