segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Entre um choro e outro me enchi de alegria...




Minha quinta feira reservava surpresas! E eu que imaginava apenas mais um dia quente... fiz meus afazeres, sai com meus cachorros, trabalhei, me dediquei um tempo aos meus escritos, fui a o médico tratar de minha gastrite, médico novo, simpático, conversou comigo de igual para igual, falou sobre o meu tubo digestivo e dos efeitos maléficos do cigarro sobre meu estômago ferido... quinta feira normal.

Fui visitar uma amiga, fazia quase um mês que não a encontrava, tinha saudades,tivemos um resto de dia ótimo, conversamos, definimos jantares e saídas. Vimos a lua cheia aparecer, imensa, linda. Mas tinha que ir embora.

Então peguei meu ônibus, e lá dentro, distraído com o percurso avistado pela janela me deparei, através do vidro, com um barzinho pequeno e animado em uma rua sem saída, algo me cutucou nas entranhas, corri para descer do ônibus, fui até o barzinho, Cantoria, seu nome e para a minha surpresa... Chorinho!

Nossa! Procurei uma mesa, sentei e já fui servido com uma cerveja gelada, em menos de 5 minutos já tamborilava na mesa ao som de uma boa banda, flauta, cavaquinho, violão e cantor, que gorjeava melodias amadas pelo público do lugar, senhores e senhoras extasiados com o encontro e a música, eu estava entre os poucos jovens de lá, começou com Paulinho da Viola, “Noto pelo seu procedimento/Que o seu coração/Acabou encontrando/Quando eu falo no nome dela/Você sorri, seus olhos ficam brilhando/Amor é assim, faz tudo mudar/ É só alegria, tristeza não tem lugar” , eu em êxtase cantava baixinho acompanhando a música, “Um dia/ Encontrei Rosa Maria/Na beira da praia a soluçar/Eu perguntei o que aconteceu/Rosa Maria me respondeu/O nosso amor morreu/Não sei ainda explicar qual a razão/De Rosa Maria desprezar meu coração/Eu fazia-lhe toda a vontade/Será que ela tem outra amizade?” já se vão 4 cervejas, então o desgraçado do cantor, a despeito de qualquer sensibilidade para minha alma, desatou a cantar Cartola... Algo nas músicas de Cartola me fazem beber e chorar. “Minha/Quem disse que ela foi minha/Se fosse seria a rainha/Que sempre vinha/Aos sonhos meus/Minha/Ela não foi um só instante/como mentiam as cartomantes/como eram falsas as bolas de cristal/Minha/Repete agora esta cigana/Lembrando fatos envelhecidos/que já não ferem mais os meus ouvidos” e então a facada no peito... “Não quero mais amar a ninguém/Não fui feliz, o destino não quis/O meu primeiro amor/Morreu como a flor, ainda em botão,/Deixando espinhos que dilaceram meu coração./Semente de amor sei que sou desde nascença,/Mas sem ter a vida e fulgor, eis minha sentença,/Tentei pela primeira vez um sonho vibrar,/Foi beijo que nasceu e morreu, sem se chegar a dar,./Às vezes dou gargalhada ao lembrar do passado,/Nunca pensei em amor, nunca amei nem fui amado,/Se julgas que estou mentindo, jurar sou capaz,/Foi simples sonho que passou e nada mais” acho essa uma das músicas mais tristes e lindas do mundo. Aí, lá se foi meu juízo, embriagado de cerveja e música, meu coração se encheu de uma alegria imensa a despeito das tristes letras, em pouco tempo estava amigo de alguns senhores que discutiam comigo sobre política, religião e futebol, assuntos tabus que só entre amigos funcionam! Lua cheia no céu abriu possibilidades para a paquera, eu, um ser influenciado por estas forças da natureza, me deixei, como maré, sujeito a sua gravidade, e transbordei...

Minha noite começou no chorinho, mas terminou em outras cercanias, quem sabe um dia conto direitinho? As vezes descer do ônibus em uma quinta feira comum pode revelar surpresas sem igual.

Viva ao choro que revela alegria!



9 comentários:

Clarissa B. disse...

Ui....

Que quinta.....

Beijos...

Ju ♥ disse...

eu gosto de choro e choro...
bjs

Sr. Stahl disse...

Descida ao chorinho
Perséfone pós-moderna
chegando ao inferninho
que nos faz sentir no céu

caos, vida, dscontrole,
e a delícia de um dia
em que o corpo se tornou
um universo de alegria...

Permissividade sagrada
Rotina profana
cuidado ascético
vontade férrea:

é: ninguém disse que era fácil
mas também não deixa de ser divertido...

Embraces. Toujour avec toi, amie de mon coeur...
Sr. Stahl

SAL disse...

Sempre soube que chorinho "de quinta" prestava!!!

vc merece lua cheia, chorinho, boas risadas e essas paixões q a vida nos mostra em uma simples atitude de ouvir a intuição, descer do ônibus no "meio" ,do q seria a princípio, o destino final!!!

bjooo

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Programão, hein? Amei. Vale muuuuuuito a pena desce do ônibus e correr para a vida. Vc está certíssimo.

Beijão,

Bela - A Divorciada

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Vixe, esqueci um "r": é descer do ônibus e correr para a vida.

Beijos!

Anônimo disse...

Choro também me alegra... e vamos combinar que essas descidas de ônibus não-planejadas costumam dar em sucesso. Fico feliz por você.

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Parabéns, Niva!!!!!

Todo o amor, paz, saúde e sucesso que houver nessa vida procê.

Quando escrevi o post de hoje, e citei o seu nome, nem me toquei que era dia 11. Acho que, sem saber, já estava sintonizada com vc!!!!

Soy loca por ti, vc sabe.

Beijão e saudades,

Bela - La Divorciada

PS: Amei seu comentário no blog, thanks!!!!

Ju ♥ disse...

Parabéns!!!
[eu sei q foi ontem, mas mesmo atrasado vale né?]
beijos