terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quem tem medo de Friedrich Nietzsche?



Ontem conversei com um filósofo! Amedrontador não é? Ele mesmo me disse que segundo uns tais Deleuzianos, uma galera francesa lá de 68, “filosofar e violentar o pensamento!”. Fui violado ontem a noite. Como o bom cognitivo que sou (ou deveria dizer estou?) tentei captar tudo que ele foi me ensinando, tive noções de esgotamento e possibilidade, aprendi uma frase muito legal de Foucault, “Mais possível, senão sufoco”, e entre um paradoxo e outro, entre “monstros filosóficos”, Lacan e Platão, plano de virtualização, detalhes semânticos interessantes, que,” todo fim ainda deixa uma certa quantidade de matéria que será utilizada para dar forma ao novo possível” (nunca esquecerei isso!) que chegamos a Nietzsche! Aí que a coisa esquentou!


Sempre temi este geniosinho alemão! Mas tememos o que não conhecemos. Ontem ele me foi descrito com doçura e vi tanta poesia nos seus pensamentos que passei a humanizá-lo, e até querer conhecê-lo melhor, confesso que sempre o encarei com superficialidade, talvez pela leitura as pressas de “O Anticristo - Praga contra o Cristianismo” ou “Assim Falou Zaratustra, um Livro para Todos e para Ninguém”, claro que houve impacto, nunca se lerá Nietzsche sem ser apedrejado, martelado, por suas frases, ele é denso, destruidor de padrões, complexo, e eu, talvez muito raso. Mas ontem, por causa deste tal filósofo, me rendi a um Nietzsche desconhecido, belo e poético, quando terminamos a deliciosa conversa corri para ler alguns artigos, alguns textos na internet e cada linha lida, surpresas reveladas, suas poderosas reflexões, sua fascinante idéia do “eterno retorno” , extremamente aterrorizante e sedutora! Assoberbado, me estirei perplexo em minha cama, fiquei ali, esperando o sono chegar, pensando nas palavras dos dois filósofos, um que conhecerei apenas por livros e outro que espero continuar a conhecer em vida, definitivamente quero muito mais...


Acho que rolou o tal “Amor Fati”, o amor pelo inevitável.

10 comentários:

Anônimo disse...

A vida é o eterno possível. Henry Bergson, grande influenciador de Deleuze, escreveu que, no fim, nunca captamos a totalidade das coisas que nos cercam, mas apenas algo como um grão de areia de consciência em um oceano de incertezas. O resto, são discursos e tentativas para manter a coesão de nossas vidas, que sempre nos assustam por que cada dia se mostram mais incontroláveis. Nietzsche sabia disso. Então abraçou seu fado, como um embriagado de vida, como Dionísio nascido uma segunda vez, e entre cânticos e ditirambos descobriu a maravilha de uma "moral soberana": aquela que guia e cria nosso próprio Ethos. Amar a um outro pressupõe antes amar a todas as coisas e a própria vida, buscando a vontade de potência em tudo. Viver é um evento do acontecimento. Viver é um convite a olhar para o abismo e amar a imagem que não se vê, e depois cuidar de nosso narcisismo ferido.
Embraces. Sempre haverá mais possível. Mais ar, mais vida, mesmo neste plano virtual.
Une tendre embrace de ton amie et amoreuse

Anônimo disse...

PS: jamais serei um filósofo. Talvez uma monstruosidade heteróclita fantasiada em sonhos de tecido e veios de carne...

Clarissa B. disse...

Ui...

Nem sei o que dizer!!!

Lindo...

Bjo.

Flavio Ferrari disse...

Filosofia é a arte de elaborar koans

Nivaldo Vasconcelos disse...

Caro Flavio,
você acha mesmo que filosofia é inacessível à Razão?
Abraço.

SAL disse...

carambaaaaa!!! isso é que conversar com gente interessante!!!

legal vc dividir isso aqui no blog...

rolou o amor fati pra vc e pra quem pode ler seus escritos!!!

beijo Yorick

3 x Trinta - Solteira, Casada, Divorciada disse...

Ai que profundo isso! Adorei isso.

Beijos,

Bela - La Divorciada

Clarissa B. disse...

Faltam 5 visitas pra alcançar a marca de 1000... q lindo!!!!

Ju ♥ disse...

No começo do post vc disse tudo: 'temos medo do desconhecido', mas depois q nos abrimos pra conhecer o outro nada mais assusta.

Gosto de algumas coisas dele q já li, ainda não me aprofundei em sua obra, só não gosto de ver citações soltas por aí, como se quem escreve soubesse pelo menos quem é o cara, mas aí já é outra história né? rs

bjs

Anônimo disse...

De onde você saiu? Quem te criou?
O "Amor Fati" tá rolando... Invevitável é amar esses seus textos, Flavio!