sábado, 5 de dezembro de 2009

Viagem surpresa e post as pressas!


O amigo Bisk8 me liga:
- Niva! Se arruma, vamos acampar em Porto de Galinhas!
Eu:
- Ok!
Apressado arrumei uma muda de roupas, minha barraca e meu saco de dormir.
Porto de Galinhas, Pernambuco... Aí vou eu!
Quando voltar conto a aventura.




sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Full



A vida é cheia de surpresas inspiradoras...
Passei o dia inteiro de ontem tentando escrever um conto, para uma seleção aberta com o objetivo de compor um livro temático que será lançado em abril, o tema: "Buxas". Andei de um lado para o outro, tentando escrever uma boa linha, não me sentia confortável com o tema, afinal, bruxas, o que seria interessante sobre elas que ainda não foi escrito.
Adoro o mito das feiticeiras, amo o poder e mistério que elas representam, mas escrever uma história com oito mil palavras sobre o assunto, e ainda soar novo e criativo, causou-me tamanho desassossego que custou-me um caderno de 100 páginas, todas arrancadas sem uma linha sequer de algo aproveitável. Com o lixeiro cheio e a cabeça vazia resolvi dar uma volta, a vida é mesmo cheia de mistérios... Olho para o céu meio que sem querer, não estava em modo contemplativo, e aí, vislumbrei minha musa inspiradora! A grande surpresa do dia...
Encoberta pelas nuvens, cheia e estranha! Uma perfeita Lua das Bruxas, encoberta por nuvens, compondo um quadro digno do mais incrível filme de horror e a história finalmente surgiu, pronta! Vi a encruzilhada onde três mulheres se encontrariam em uma noite escura, vi o homem misterioso chegando pelo quarto caminho, trazendo consigo delícias pecaminosas para o sabá profano das três feiticeiras... Quando voltei para casa, abri outro caderno de 100 páginas e comecei a escrever, escrevi sobre cães negros, mulheres comuns com estranhas particularidades e uma noite de lua, cheia de surpresas e mistérios.
Consegui boa parte da história.
Desejem-me sorte!


ps: Sim, esta é a lua inpiradora de ontem!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Adeus e até ano que vem...



Adeus mês querido, meu amado, chegou com raios solares intensos para me acordar e se despede em céu sanguíneo, espetáculo para meus olhos mareados.
Adeus Novembro que me deu pinceladas de ferro mas manteve meu interior rubro como menino!
De novo me deu presentes lindos, pessoas lindas no meu caminho, nova idade, a voz do amante...
Vai levando embora a tristeza, a frustração, o medo, meu e dos meus...
Amo sua chegada, celebro sua partida.
Não esquece de avisar a Dezembro que seja gentil.
Antes de ir, abraça-me devagar e prometa que volta...
Te espero ano que vem!
Sempre seu.


domingo, 29 de novembro de 2009

Santo de casa...



Passeando pelas ruas me deparo com uma casa antiga jogada às traças, janelas quebradas, portão destruído pela ferrugem, a fachada completamente descascada e coberta de limo e hera, as ervas daninhas tomam conta do jardim descuidado, a casa é completo abandono.

Parei para observar a triste casa, e me surpreendi com um afresco incrustado em sua parede, escondido pelas plantas sem poda, estranhamente conservados (talvez a única coisa conservada ali) estão as imagens de São josé e seu filho, José, o patriarca da "santa igreja", pai de Jesus, padroeiro das famílias, cujo nome faria estremecer os demônios.

A casa sempre foi símbolo de proteção!
Por que aquela casa não era mais o símbolo de uma família unida? Bem cuidada como um abrigo deveria ser? Imponente como um santuário?
A conclusão:
Santo de casa não faz milagre.






sábado, 28 de novembro de 2009

Liqüidar

Este é meu presente para os que necessitam de água, esta energia mutável e profunda... Principalmente para C., peixe que agora precisa ser pássaro...
Peguei minha máquina e fui andar na beira da praia tentando encontrar a água tão necessitada, isso foi o que eu vi, capturei (ou tentei, a água é fugidia) e agora entrego...

ps: Abra as fotos e tente se imaginar nadando, livre neste mar...






quinta-feira, 26 de novembro de 2009

(Des)Amarras


A inspiração se dá em golfadas gordas dentro de mim, abduzo segredos e pudores de minha mente para destilar verdades cruas e insensatas. Saudade de palavras que pertencem a um momento precioso de meu dia, é fácil se viciar nelas, encostar-se languidamente na ilusão sincera de versos e fonemas, sonhar com encontros noturnos feitos em sonhos e delirar...
Escorreguei em poço fundo, “descautelado”, esculhambado pela queda ri, e não previ o choque eminente no asfalto quente das ruas do desejo. Minha cara arranhada, esfolada pela fricção violenta anseia pelo balsamo de signos e palavrório, pronto para outra, viro a esquina com hematomas visíveis, tal pintura de guerra, marca símbolo de luta apaixonada, eu, visivelmente embriagado pelo vislumbre de teus pelos, derreto-me em desesperada impermanência. Busco a cura das feridas com alegria desvairada, ponho-me no lugar certo desta história, reclamo o lugar que sempre estive, na prateleira vejo o livro verde que reensina o que é moral, lembro você, esta é a deliciosa maldição deixada.
Te amo, amo esta breve estada...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Yoko e eu




Algumas pessoas nasceram para o anonimato, outras para o escândalo, eu, preferiria o silêncio, porém nasci para o grito.


Uma vez, tentando me justificar, dizendo que também era tímido, reservado e tal, um amigo logo disparou, “Nivaldo, você é irreverente, quem nasce irreverente não tem jeito... “ e eu pensei: “Meu Deus! Eu tenho a maldição da irreverência, da liberdade!”, alguns já me chamaram de hedonista, alguns de doido, outros de impulsivo... eu não faço idéia do que sou! Mas com certeza exercito várias destas facetas, mas melhor morrer de vodka do que de tédio!

Acredito que a expressão verdadeira do seu ser é recompensada com descobertas magníficas sobre você e sobre os outros, em algumas conversas francas conseguimos extrair a verdade das pessoas mais “caretas” da face da terra, todos temos nossas “perversões” e “bizarrices” e adoro me deparar com estas particularidades interessantes, principalmente as minhas! Eu vivo me encontrando! Descubro mais sobre eu mesmo nos limites.

Nunca fui com a cara da Yoko Ono, para mim, ela só era o pivô do fim dos Beatles, mas lendo mais sobre ela fiquei encantado! Criada em uma família rica e aristocrata do Japão, foi a primeira mulher a ingressar na faculdade de filosofia de Gakushuin, mas logo declinou e fugiu para a boemia de Nova York, lá se associou ao famoso grupo fluxus, saia gritando “Quero jogar sangue no palco” , uivando em palcos, filmava bundas, cortava as roupas dos outros com tesouras, seus pais, consternados, a internaram em um hospício no Japão, foi resgatada por um marido (sem ser o Lennon), e disparava frases incríveis como: “Mexa bem seus miolos com um pênis e vá passear!” , amo essas pessoas que vivem no limite de sua arte, de suas vidas. Outros estão na minha lista de pessoas interessantes,entre eles Byron,Tristan Tzara, Henry Miller, Frida Kahlo, Trotsky, Leila Dinis, Luz Del Fuego! Outros desconhecidos, como minha prima Marta, minha Mãe, meu falecido avô, entre outros loucos amigos.

Quando vejo estas histórias, estas pessoas, lembro um pouco de mim, sinto que vim desta mesma matéria inconformada, acho que alguns desses loucos iluminados, se dotados de onisciência divina, pudessem observar minha vida, diriam em meio sorriso (talvez com certo escárnio contido) “esse é dos meus!”.







terça-feira, 17 de novembro de 2009

Do estar "sozinho"...


Então engrenamos uma ótima conversa... Depois de alguns minutos de flerte intenso a pergunta arrasadora: Por que alguém como você está sozinho?
Isso acaba comigo, eu realmente não sei o porquê de estar sozinho, e esta pergunta sugere que você seja no mínimo uma pessoa interessante, então em profunda reflexão escrevo este post na esperança de até acabá-lo, encontrar a resposta desta pergunta. Talvez não encontre, mas não custa tentar.
Não me sinto alguém só, não sou alguém solitário por natureza, é tanto que tenho três cachorros em meu apartamento minúsculo, tenho muitas aventuras amorosas, nunca estou só de verdade, estou solteiro! Sou disposto ao amor, já conheci amor de todo jeito, amor de mulher, amor de homem, gosto de sexo, sou paquerado, paquero, mas então por que diacho estou sem alguém para chamar de meu?
Quando alguém se envolve, ou é envolvido em minha vida, entende logo de cara a minha independência, percebe que sou alguém que se basta, não sou uma pessoa dependente de ninguém além de eu mesmo, amo as pessoas, sou sociável, quero ser um par e tal... Mas não consigo entregar a chave de minha felicidade nas mãos de outra pessoa, não sou de esperar nada de ninguém, obviamente, quando estou enredado no trâmite amoroso, perco estas noções, anseio, desejo, crio expectativas, mas passa, porque percebo automaticamente que cada um só dá o que tem, e sou lógico o bastante para entender que 2+2 é igual a 4, por mais que eu quisesse que desse 22, nem tudo é como eu quero, nem tudo eu posso. Sofro... Sim sofro, eu sofro pelo o que eu não tive, pelo que desejei ter, pela falta de coragem em algumas situações, e pela falta de coragem dos outros em me aceitarem como eu sou. Sou um ser grande, minhas dimensões são amplas, estar comigo não é fácil, sou livre e verdadeiro, mesquinho e egocêntrico, quero tudo, e não quero nada, sou chato, sou do mundo, sou carinhoso, sou safado, vivo como se não tivesse amanhã, sou guloso da vida.
Estar comigo é acreditar em surpresas, é tentar acreditar no infinito, nem sempre é fácil, nem sempre se tem esta fé. Estar comigo pressupõe dúvidas, brigas, noites quentes e frias. Mas posso dizer que quem me tem, tem um grande amigo, um bom amante e um companheiro constante. Não depender de ninguém, não significa não precisar de alguém, que não amo, é difícil entender isso.
Talvez estou sozinho por não saber estar de outra forma, talvez preciso que alguém me ensine a ser dois...
Ps. A conversa citada acima terminou na cama, e quando terminamos o sexo bom e descompromissado, levantei, tomei um banho e fui embora, continuei sozinho, alguém como eu.

domingo, 15 de novembro de 2009

Estou separado!



Abandonei o cigarro há onze dias, mas ele não deixou que esta separação fosse fácil, como punição, carregou junto com ele a minha vontade de escrever.

Nosso divórcio ocorreu repentinamente, num súbito ataque de questionamentos sobre autodestruição e amor-próprio, eu, cansado da relação, exaustiva, diga-se de passagem, desisti de continuar com meu companheiro de treze anos. Uma das relações mais longas da minha vida acabava de terminar.

Meu corpo em frêmito, desejoso, ansiava por suas carícias nocivas, por seu hálito, a bruma venenosa... Meu vício teria que ser combatido com força sobre-humana, guerreando comigo mesmo. Só avistava o instante do reencontro, a cada frase que seu nome era pronunciado, uma terrível ausência, meus joelhos não paravam de tremer em sinal de dolorosa saudade, vi meu amante na boca de outros, senti inveja, ciúme, raiva. Não recaí! Nem quando o vi nas vitrines, tão fácil se deixar cair, bastava pagar, meu amante traiçoeiro, prostituindo-se de bom grado para matar-me lentamente. Os dias se passam, aprendo a cada hora a viver sem ele, e amo e odeio cada experiência, um dia de cada vez, estou lentamente recuperando a independência, inclusive a das palavras... Minha vontade de escrever extirpada pelo maldito, renasce!

Este é um post de desafio: Pois é maldito, ainda consigo escrever, e sobrevivo sem você.

Desculpem a ausência, mas os fins são difíceis!


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Entre um choro e outro me enchi de alegria...




Minha quinta feira reservava surpresas! E eu que imaginava apenas mais um dia quente... fiz meus afazeres, sai com meus cachorros, trabalhei, me dediquei um tempo aos meus escritos, fui a o médico tratar de minha gastrite, médico novo, simpático, conversou comigo de igual para igual, falou sobre o meu tubo digestivo e dos efeitos maléficos do cigarro sobre meu estômago ferido... quinta feira normal.

Fui visitar uma amiga, fazia quase um mês que não a encontrava, tinha saudades,tivemos um resto de dia ótimo, conversamos, definimos jantares e saídas. Vimos a lua cheia aparecer, imensa, linda. Mas tinha que ir embora.

Então peguei meu ônibus, e lá dentro, distraído com o percurso avistado pela janela me deparei, através do vidro, com um barzinho pequeno e animado em uma rua sem saída, algo me cutucou nas entranhas, corri para descer do ônibus, fui até o barzinho, Cantoria, seu nome e para a minha surpresa... Chorinho!

Nossa! Procurei uma mesa, sentei e já fui servido com uma cerveja gelada, em menos de 5 minutos já tamborilava na mesa ao som de uma boa banda, flauta, cavaquinho, violão e cantor, que gorjeava melodias amadas pelo público do lugar, senhores e senhoras extasiados com o encontro e a música, eu estava entre os poucos jovens de lá, começou com Paulinho da Viola, “Noto pelo seu procedimento/Que o seu coração/Acabou encontrando/Quando eu falo no nome dela/Você sorri, seus olhos ficam brilhando/Amor é assim, faz tudo mudar/ É só alegria, tristeza não tem lugar” , eu em êxtase cantava baixinho acompanhando a música, “Um dia/ Encontrei Rosa Maria/Na beira da praia a soluçar/Eu perguntei o que aconteceu/Rosa Maria me respondeu/O nosso amor morreu/Não sei ainda explicar qual a razão/De Rosa Maria desprezar meu coração/Eu fazia-lhe toda a vontade/Será que ela tem outra amizade?” já se vão 4 cervejas, então o desgraçado do cantor, a despeito de qualquer sensibilidade para minha alma, desatou a cantar Cartola... Algo nas músicas de Cartola me fazem beber e chorar. “Minha/Quem disse que ela foi minha/Se fosse seria a rainha/Que sempre vinha/Aos sonhos meus/Minha/Ela não foi um só instante/como mentiam as cartomantes/como eram falsas as bolas de cristal/Minha/Repete agora esta cigana/Lembrando fatos envelhecidos/que já não ferem mais os meus ouvidos” e então a facada no peito... “Não quero mais amar a ninguém/Não fui feliz, o destino não quis/O meu primeiro amor/Morreu como a flor, ainda em botão,/Deixando espinhos que dilaceram meu coração./Semente de amor sei que sou desde nascença,/Mas sem ter a vida e fulgor, eis minha sentença,/Tentei pela primeira vez um sonho vibrar,/Foi beijo que nasceu e morreu, sem se chegar a dar,./Às vezes dou gargalhada ao lembrar do passado,/Nunca pensei em amor, nunca amei nem fui amado,/Se julgas que estou mentindo, jurar sou capaz,/Foi simples sonho que passou e nada mais” acho essa uma das músicas mais tristes e lindas do mundo. Aí, lá se foi meu juízo, embriagado de cerveja e música, meu coração se encheu de uma alegria imensa a despeito das tristes letras, em pouco tempo estava amigo de alguns senhores que discutiam comigo sobre política, religião e futebol, assuntos tabus que só entre amigos funcionam! Lua cheia no céu abriu possibilidades para a paquera, eu, um ser influenciado por estas forças da natureza, me deixei, como maré, sujeito a sua gravidade, e transbordei...

Minha noite começou no chorinho, mas terminou em outras cercanias, quem sabe um dia conto direitinho? As vezes descer do ônibus em uma quinta feira comum pode revelar surpresas sem igual.

Viva ao choro que revela alegria!



quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quarup para Claude Lévi-Strauss




Sr. Claude, eles chegam de outras terras e tribos, reunindo-se para cantar e dançar em sua memória, “doces selvagens” destes tristes trópicos... O tronco, Quarup, é cortado e levado para o centro do círculo perfeito rodeado de ocas asseadas e decoradas em tua honra, será homenageado como os ancestrais que viveram no tempo do primeiro homem, Mawutzinin, estará agora sendo escrito na história mítica destes povos.

Vê, centenário senhor, constroem uma cabana para abrigar seu corpo-tronco, pintam-no com símbolos do homem, te reconstroem em madeira recém cortada. Festejos para celebrar-te. Enquanto te recriam com tinta e fibras, cantam sua formosura altiva, sua inteligência, te chamam carinhosamente de morekwat, chefe! Preservam-te vivo nessas canções, a avó morte parece nunca ter chegado.

O fogo é aceso e na noite escura simbolizam sua ressurreição, espalhando pelos ventos o choro das carpideiras emocionadas e os cânticos sagrados e profanos dos mais jovens, o tronco ganha vida imbuído de sua matéria viva Sr. Claude, para a tribo, agora viverá entre eles, um espírito - vivo, mestre que sempre foi.

Quando cessarem os cânticos e o choro, logo nos primeiros raios solares, lutarão para você, demonstrando a força ágil do povo vermelho, pintados com barro sanguíneo, betume, cera e carvão disputarão a sua admiração.

Quando a festa cessar, quando parcela de sua alma estiver alegremente aprisionada neste totem rústico, te lançarão no rio para que atinja, esperançosamente, o mar da eternidade.



















terça-feira, 3 de novembro de 2009

Quem tem medo de Friedrich Nietzsche?



Ontem conversei com um filósofo! Amedrontador não é? Ele mesmo me disse que segundo uns tais Deleuzianos, uma galera francesa lá de 68, “filosofar e violentar o pensamento!”. Fui violado ontem a noite. Como o bom cognitivo que sou (ou deveria dizer estou?) tentei captar tudo que ele foi me ensinando, tive noções de esgotamento e possibilidade, aprendi uma frase muito legal de Foucault, “Mais possível, senão sufoco”, e entre um paradoxo e outro, entre “monstros filosóficos”, Lacan e Platão, plano de virtualização, detalhes semânticos interessantes, que,” todo fim ainda deixa uma certa quantidade de matéria que será utilizada para dar forma ao novo possível” (nunca esquecerei isso!) que chegamos a Nietzsche! Aí que a coisa esquentou!


Sempre temi este geniosinho alemão! Mas tememos o que não conhecemos. Ontem ele me foi descrito com doçura e vi tanta poesia nos seus pensamentos que passei a humanizá-lo, e até querer conhecê-lo melhor, confesso que sempre o encarei com superficialidade, talvez pela leitura as pressas de “O Anticristo - Praga contra o Cristianismo” ou “Assim Falou Zaratustra, um Livro para Todos e para Ninguém”, claro que houve impacto, nunca se lerá Nietzsche sem ser apedrejado, martelado, por suas frases, ele é denso, destruidor de padrões, complexo, e eu, talvez muito raso. Mas ontem, por causa deste tal filósofo, me rendi a um Nietzsche desconhecido, belo e poético, quando terminamos a deliciosa conversa corri para ler alguns artigos, alguns textos na internet e cada linha lida, surpresas reveladas, suas poderosas reflexões, sua fascinante idéia do “eterno retorno” , extremamente aterrorizante e sedutora! Assoberbado, me estirei perplexo em minha cama, fiquei ali, esperando o sono chegar, pensando nas palavras dos dois filósofos, um que conhecerei apenas por livros e outro que espero continuar a conhecer em vida, definitivamente quero muito mais...


Acho que rolou o tal “Amor Fati”, o amor pelo inevitável.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

La Calavera de la Catrina


No México se comemora o dia dos mortos com festa e cor, e a personagem mais especial do dia é La Catrina, a simpática caveirinha vestida de dama da sociedade. Vi a imagem de La Catrina a primeira vez quando era criança, em algum filme antigo, fiquei fascinado, sempre fui curioso e a morte ao invés de me assustar, me causava indagações profundas, ainda mais uma morte tão caricata e bem arrumada!


Mas este ano conheci La Catrina de perto, enxerguei sua face e não a achei tão simpática assim...
Uma amiga suicidou-se este ano, deu um tiro no próprio peito com uma arma velha, era a madrugada de uma segunda, no domingo passamos o dia juntos, quando cheguei desesperado em sua casa cheia de policiais e vizinhos, corri para consolar sua irmã, minha outra amiga, a forte sobrevivente, a abracei e ela me disse “ Que besteira ela foi fazer Niva?!” disse isso de um jeito que nunca poderá ser reproduzido, com tamanha dor, tamanha coragem... Então vi minha amiga morta no corredor, inerte, hoje sei, que foi ali que vi La Catrina, desdenhado da brevidade da vida. Fiquei estranhamente tranquilo, algo se apoderou de mim e me fez fleumático, precisava estar inteiro, firme para os que precisassem de mim, a dor transpassava meu corpo sem me atingir, eu era o fantasma naquela casa, amortecido.


Vi minha amiga morta sendo fotografada pelos legistas, abracei sua irmã enquanto periciavam o quarto onde tudo aconteceu, e a olhei pela última vez, nunca esquecerei o que vi, a pior despedida. Quando levaram minha amiga achei justo eu limpar o sangue que ficou no local de sua morte, não poderia deixar a mancha de sua ida assombrando os que ficaram, muito menos deixar para outro, um estranho, esta tarefa, me ajoelhei e fiz o que tinha que ser feito, o cheiro ficou nas minhas mãos por dias inteiros por mais que eu lavasse.


Depois de horas eu chorei, tremi de dor, física!... “Por que você fez isso? Passamos o domingo juntos, você parecia bem, por que não pediu ajuda? O que eu deixei de fazer? O que deixamos de conversar? Por que eu não notei nada? Por que não pressenti nada? Por que não impedi sua ida?”


La Catrina quando chega traz também culpa.


Já parei de me perguntar o porquê dela querer ter ido embora, não julgo sua escolha, não resta em mim culpa, mas sinto saudades, ainda não tenho forças para celebrar a morte, não consigo mais ver La Catrina com olhos bem humorados, ela é agora uma dama fria me lembrando das coisas finitas, porém não a temo, mas também não a abraço. Me recuso.


A mim e aos que ficaram, testemunhas desta despedida, resta a escolha de continuar a viver.


Hoje eu afirmo: Sinto saudades suas, sei que está bem e que a dor passou.

Ps. As imagens deste post são da artista Sylvia Ji.











domingo, 1 de novembro de 2009

Do Novembro...


O primeiro dia de novembro me desperta com sol, os raios solares ardem meu rosto, eficiente despertador natural.


Vi vinte e sete novembros em minha vida, nasci em um novembro em flor, o mês que me deu boas vindas é até hoje meu companheiro, voltando todo ano para me acordar com sol na cara. Se eu tivesse que escolher, morreria em novembro, o mês que me abriu as portas da vida trate de me abrir as portas para a morte, mas que seja o 80º novembro o da minha despedida, ainda quero vê-lo em esplendor, comemorar seu nascimento nu em minha cama, quero vê-lo sendo primavera, ou outono, quero mostrá-lo a minha sobrinha e contar a ela os seus segredos.


Até quando durarão meus novembros? Pergunta que nunca me persegue, porém, sempre se insinua.


Nasci no dia 11 do mês onze, ás 11:45 da noite, meu nome foi escolhido, o nome de outro, o nome do patriarca da família de minha mãe, Sr. Nivaldo Vasconcelos, acrescentaram o Neto ao final, para lembrar-me o lugar de cria nova, porém não sabiam que ao tentar me marcar como efígie do homem que é meu avô, me deram, numerologicamente, outro 11! Piada cósmica. E assim me tornei um nivaldo único, marcado pelo significado de um nome emprestado (Nivaldo significa “aquele que governa com ira”) e apropriadamente proclamado com o número do meu mês!


Eu e novembro temos um flerte antigo, o escorpião no céu, imóvel, foi a primeira constelação que vislumbrei, era ele que me aguardava no firmamento quando se deu o parto simples de minha mãe e que ditou secretamente minha cabeça escorpiana, me deu veneno e antídoto. Aprendi muito cedo a alquimia de destilar.


Mas isso é de se esperar para um filho de novembro!


Seja bem vindo mês amado.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O Replicante...

Fui surpreendido ontem com um comentário aqui no blog.

"Anônimo disse...
Existe sempre um momento que precisamos descansar a mente. A tristeza só não deve superar os momentos de alegria. Te vi hoje andando pela praia mas tive medo de me aproximar.Tenho saudades suas todos os dias, de nossas conversas e do seu sorriso lindo, do café forte que você faz e da manhã em que acordei do seu lado.
Ainda te adoro
Ass. Você sabe quem."


Não posso deixar este comentário sem resposta e resolvi dividir com vocês caros leitores a réplica:

Sim, sei quem você é.

Me perguntei durante vários meses o que tinha acontecido a sua pessoa. Quando se deu nossa última conversa, você iria embora, dar aulas em algum lugar distante, ou foi essa sua desculpa. Fiquei triste durante algum tempo, triste não, devastado, sumiu do meu semblante aquela luz que as pessoas notavam, aquele viço de noite bem vivida e dos meus olhos secaram o brilho ingênuo que sua presença colocava neles. Mas isto foi a algum tempo, como você bem sabe, assim julgo, não tenho vocação para o pranto, o viço se refez, a luz se acendeu e os olhos voltaram a brilhar por tesouros mais novos e descobertas mais insólitas. Vivemos algo muito bonito, sempre serei grato. Mas deu-se o fim inevitável.

Não tenho mais saudades, de nossas conversas não sobrou eco, apenas silêncio, o sorriso... este continua aqui. Ainda sei fazer aquele café forte que você tanto gostava, e sobre as manhãs, estas nunca saberá, já que escolheu não acordar mais do meu lado.

Continue evitando-me, fuja de minha presença, deve ser difícil confrontar a culpa e as mentiras.
Enquanto a vida, esta anda bem, sem você.

Ass. Nivaldo Vasconcelos

1 Mês!!!!!


1 mês de Blog, que venham muitos outros, vem sendo uma maravilha ter este espaço para escrever tudo o que me der na telha, a companhia de vocês é muito importante e muito especial, a vocês que sempre vêm aqui muito obrigado e saúde!!!!!!!!
Um brinde a nós.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A tarde.




Mais fotos desta tarde...

...

Entre um café e outro, traço desenhos sem nexo.

Sei lá, me bateu uma tristeza estranha, as palavras não saem como eu quero, tudo que escrevo sai torto e roto.

Amanhã quero estar solar!

Ps. Foto tirada esta tarde na Ponta verde.

Do Sopro...


O vento canta aqui na minha janela, paro para ouvir o assovio constante, o Ar sabe mesmo fazer bela sinfonia!


Canta rodopiando.


O que canta o vento? Que histórias ele conta em seu sopro, será ele difamador elegante das vidas que ele percorre? Ou será professor de registros diários?

Imagino que ouço a música do menino e sua pipa, fazendo trato com a brisa para que ela, risonha, leve seu brinquedo ao céu, para que aquele menino, por alguns minutos, tenha a ilusão de voar. As vezes o vento conta de suas iras, que arrancou, em forma de furacão, árvores e casas. E canta melodiosamente os dias de tempestade, em frases musicais diz como ele molhou as vidraças e a terra.

É assim que ouço o Sopro, com ouvidos imaginários...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Palavrório



Não sou um cara de amores possíveis.


Eu ando apaixonado por palavras!

Anseio a noite, espero o escrito, o deslizar dos verbos no meu palato já acostumado a lê-lo em voz alta, o som reverbera pela catedral de minha boca, projetada por arquitetos dionísicos muito preocupados com a acústica, cada frase um toque... As palavras deslizam por minha pele que é página em branco esperando a impressão dos caracteres pecaminosos, o sinal gráfico beija minha orelha, o A penetra minha boca e sinto falta do Z.

O parágrafo me faz sufocar, esta ausência me desespera, mas logo volta e escreve delícias em mim.

Repito a leitura e gozo sonetos.

Eu já disse que sou um cara de amores impossíveis?

Eu ando apaixonado por suas palavras.



Escrevo isso ao som gostoso de “Céu – Vagarosa” com “Bubuia” se repetindo freneticamente...